05/04/2021

RENAULT DAUPHINE - O HERDEIRO DO TRONO.

 RENAULT DAUPHINE - THE HEIR TO THE THRONE.

RENAULT - DAUPHINE

Em março de 1956, era apresentado no Palais de Chaillot, em Paris, o RENAULT DAUPHINE. O nome Dauphine é o feminino de DAUPHIN, título francês que significa "Herdeiro do Trono".  As fronteiras do Dauphine eram extensas. Além da França, foi produzido em outros países da Europa, México, Argentina, Nova Zelândia e, claro no Brasil.

Aqui no Brasil quem produzia e vendia o Dauphine era a Willys Overland do Brasil que desde 1952, fabricava a linha JEEP. Nesse acordo, a empresa francesa tinha 10% do faturamento e permitia a produção dos carros por meio da transferência de tecnologia.


O Dauphine chegava para substituir o Renault 4CV, um modelo barato, robusto e compatível com a austeridade do pós-guerra reinante na Europa. O Dauphine, então herdara o trono. 


O RENAULT - 4 CV
A denominação Renault 4 CV, vem da expressão "Cheval Fiscale" o que significa Potência Fiscal. Seu desenho foi inspirado no famoso Besouro da Volkswagen. Esse projeto foi executado secretamente nos porões da Resistencia Francesa durante a ocupação Nazista na II Guerra Mundial.  Terminada a guerra o carro foi apresentado em 1946, no Paris Motor Show.
No início da produção os carros eram pintados apenas na cor Amarelo Areia, com tintas excedentes deixada pelo  exército alemão. Essa cor de tinta  era usada em veículos militares no Afrika Corps comandada por Rommel, no norte da África.



Muitos desses carros  foram exportados para o Brasil, onde logo foi apelidado como "Renault Rabo Quente" por seu motor traseiro, uma novidade por aqui na época e antes da chegada do Fusca Volkswagen. A importadora era a Companhia Comercial e Marítima "Auto Geral" na cidade do Rio de Janeiro, que a partir de 1957, tornou-se uma importante concessionária da DKW Vemag.

Esse exemplar  na cor verde, impecavelmente restaurado, pertence a um colecionador aqui no Brasil.



O DNA FRANCÊS CHEGA AO MERCADO BRASILEIRO.

Aqui no Brasil o Dauphine foi lançado no final de 1959, chegando ao mercado em janeiro de 1960, trazendo as mesmas qualidades que o fizeram conquistar milhares de  clientes pelo mundo afora: desenho elegante, espaço interno razoável, bom acabamento, estrutura monobloco, suspensões independentes nos eixos e baixo consumo de combustível, que era a sua principal arma de propaganda, a economia  garantida pelo desempenho do motor Ventoux de 845 cm3, 26 cv e câmbio com 3 velocidades.




Outro detalhe diferencial eram suas 04 portas, opção que o projetou como TAXI, que outrora era conhecido pela população, principalmente nas regiões Norte e Nordeste como "carro de praça" ou "carro de aluguel". O uso da denominação TAXI só viria ser incorporado no vocabulário popular depois da metade da década de 1960.

O RENAULT - GORDINI.



Chega julho de 1962, e a família cresceu com a chegada do GORDINI. Na realidade  o carro era um Dauphine (requentado) com motor mais potente com 40 cv, câmbio com 04 marchas e mais adiante em 1966, a oferta de freio a disco na dianteira, acessório que a Volkswagen  só iria oferecer no final da década de 1969.




O painel oferecia uma gama de opções, radio e um detalhe a mais  era a buzina dupla, onde no botão de acionamento o motorista tinha a opção de buzina de estrada e buzina de cidade.


Sob o capô dianteiro, um porta bagagem  com espaço razoável e com compartimento para a bateria.



Motor com 40 hp e refrigerado a água.



Mas nem tudo era festa. A estrutura desses carros projetados na Europa não suportaram os rigores das estradas e  pavimentos das  ruas nas cidades brasileiras. E logo estavam se desmanchando e cheios de ruídos. Nas arrancadas mesmo normais, os eixos traseiros balançavam assustadoramente e as rodas traseiras também.

Mas para nós hoje antigomobiistas, na época adolescentes e "pseudos engenheiros de fundo de oficinas"  logo apresentávamos as soluções, ideias inteligentes e engenharia de fundo de quintal. Por exemplo: para solucionar o problema da instabilidade dos eixos traseiros, foi idealizado um TENSOR.  Esse tensor constituía de um varão de ferro com no mínimo 01 polegada de diâmetro com uma braçadeira (alça) na ponta que literalmente abraçava o eixo traseiro e a outra extremidade era fixada com uma chapa e parafusos no chassis do carro. Com esses tensores estava solucionado o problema e até  dava um ligeiro toque esportivo para quem olhava por baixo do carro.


As linhas na cor laranja  mostram onde eram fixados os tensores em ambos os eixos traseiros.

Outra vista do esquema como eram montados o tensores. Na cor vermelho o tensor.




O RENAULT - TEIMOSO.

O RENAULT TEIMOSO, foi uma versão totalmente despojada na tentativa de desbancar outro carro popular que era o FUSCA PÉ DE BOI que estava sendo produzido pela Volkswagen. O Teimoso era tão pobre de requintes que abria mão dos cromados, iluminação interna, marcador de combustível, retrovisores externos, sinaleiras de direção e acreditem até o limpador de para-brisa do lado direito era suprimido. Era de uma rudeza impressionante. Notem que a única luz na traseira do carro era a iluminação da placa.

Nessa onda de  carros populares a tentativa do governo era proporcionar uma condição de compra viável  para que  as  classes menos abastadas pudessem adquirir um veículo mais barato e financiado pela Caixa Econômica Federal. Com esse mesmo objetivo, além do VW Pé de Boi, a  DKW lançou o PRACINHA e a Simca lançou  o PROFISSIONAL. Mas nenhuma dessas opções vingou. O preço não era digamos  tão distante de um  modelo normal de série e a grande verdade, é que o povo brasileiro é apaixonado por automobilismo, curte carros e não abre mão do conforto e elegância de um bom automóvel.


O RENAULT - 1093.

Chegava o ano de 1964, trazendo um novo lançamento o Renault 1093. Com um motor apimentado com 42 cv , suspensão traseira rebaixada, conta giros no painel e a novidade dos pneus cinturados recém lançados aqui no Brasil pela Pirelli. Tudo isso eram novidades no nosso mercado de automóveis. Além do fato do carro emitir  um lindo ronco esportivo característico que agradava a todos e fazia torcer o pescoço quando passavam.
















O Renault 1093 fez muito sucesso nas pistas competindo entre as Berlinetas Interlagos também da Willys.


Esse estilo esportivo do Renault 1093 foi bem aceito pelo mercado aqui no Brasil.



Deixou boas lembranças nas pistas.


Atualmente nos eventos  de veículos antigos, o que mais encontramos é o RENAULT GORDINI, com certeza são sobreviventes dos 40 mil fabricados, diante dos quase 24 mil RENAULT DAUPHINE, 9 mil RENAULT TEIMOSO e 720 RENAULT 1093.


NOVA GERAÇÃO.

Em 1967, a Ford comprou a Willys e ganhou no pacote um grande presente, o projeto "M". Era o projeto de  um carro médio que a Renault e a Willys desenvolviam na França para substituir o Gordini. Nascia então R12, que aqui no Brasil levou o nome de FORD CORCEL mantendo assim o DNA Renault por mais algumas décadas.


FORD CORCEL

Esse exemplar já premiado em eventos, pertence ao sócio do CCARN  Ivaldo Moura.


* PONTO DE VISTA 

O charme dos carros antigos ou seja aqueles fabricados nas décadas de 1950, 1960, 1970, era que cada um tinha o seu próprio design, sua individualidade. Tomamos como   exemplo, o Fusca VW, o  DKW, o Karmannghia, o Aero Willys, o Simca  etc. Na atualidade todos esses  carros que nós antigomobilistas chamamos de "Carros de Plástico" ou Plastimóvel são todos iguais, sem personalidade a começar pelas cores, a grande maioria é na cor branca, prata ou preta.

O CCARN AGRADECE A SUA VISITA.

THANK YOU  FOR YOUR INTEREST.

GRACIAS POR SU VISITA.