FORD A BORRACHA E O BRASIL - A HISTÓRIA QUE MUITOS NÃO SABEM

 FORD A RUBBER AND BRAZIL  -  THE HISTORY THAT MANY DON'T KNOW.

O FORD - T

No dia 01 de outubro de 1908, a FORD MOTOR COMPANY lançava o primeiro automóvel produzido em série no planeta, o FORD T. O carro seria o grande responsável pela popularização do automóvel em todo o mundo.

O visionário HENRY FORD mostrava ao mundo um novo e eficiente sistema de produção em larga escala - o Fordismo - , que proporcionou novas formas mais econômicas de se administrar e produzir.

O FORD T  foi produzido até 1927 e vendeu quinze milhões  de unidades.  Com um custo inicial de US$850.00. Com a modernização das fábricas, aceleração das esteiras mecânicas e regime de  quase escravidão  o preço caiu para US$490,00 e alcançando uma produção anual de 300 mil unidades.

O FORD - A

Enquanto a GENERAL MOTORS oferecia aos clientes, carros mais estilizados , luxuosos e em uma grande variedade de cores, diante do Ford T que por mais um capricho de Henry Ford apenas era produzido na cor preta,  e as vendas da Ford caiam consideravelmente.

Em contra ofensiva, durante a Exposição Industrial Ford realizada em 09 de janeiro de 1928, no Madison Square Garden em Nova York,  Henry Ford acompanhado pelos fiéis amigos Thomas Edison e Harvey Firestone,  apresentavam o novo FORD - A, disponível em vários modelos e diversas cores.

Ford 1928 - Mascote do CCARN pertencente ao sócio Pedro Cavalcanti.

Essa exposição além do novo carro, apresentava a todos uma revolução de ideias desde o aproveitamento das matérias-primas até o projeto concluído, em sua fábrica "River Rouge" instalada em Dearborn sua cidade natal arredores de Detroit.

Ford, também aproveitou a oportunidade para uma reconciliação com a Comunidade Judaica e o Judaísmo Americano. Ele era um antissemita ferrenho.

A FORDLÂNDIA.

A FORD MOTOR COMPANY precisava de borracha para os pneus e componentes derivados para os seus carros, e os altos custos de importação do látex oriundo da Ásia era uma boa razão para um investimento na floresta amazônica.

Colheita do látex.

Logo a imprensa mundial começou a falar sobre a grande investida de Ford na Amazônia Brasileira.

Após longas negociações, em 1927, o governo do estado do Pará cedeu a Henry Ford um milhão de hectares destinados ao plantio de seringueiras. (uma área equivalente ao estado de Connecticut nos Estados Unidos). Os casos de suborno e acordos suspeitos entre o governo do estado do Pará e os americanos viriam à tona anos depois.

Esse sonho inicialmente instalado  em uma vila que foi batizada de FORDLÃNDIA foi posteriormente transferido para aproximadamente 100 quilômetros rio acima na margem leste do rio Tapajós e foi chamado de BELTERRA.

Essa ideia, no entanto, se revelou bem mais do que um projeto econômico, e sim a utopia de levar o "Sonho Americano" a um lugar onde tudo pudesse ser recomeçado, onde as falhas na evolução da sociedade americana fossem reparadas.  Eliminar os vícios que o excêntrico e polemico milionário Henry Ford tanto repelia e combatia, como as guerras, o fumo, o álcool, danças modernas, a corrupção, o judaísmo, o leite de vaca (Ford detestava vacas) entre outros  que pudessem ser corrigidos.

O projeto além de homens e seringueiras, incluía: famílias, escolas, clubes, um hospital com 100 leitos, ruas pavimentadas, eletricidade, hidrantes, sistema de esgotos, agua encanada, cinemas, modernos eletrodomésticos, um templo, além de um rígido código moral que era imposto aos habitantes.

A torre da caixa d'agua com capacidade para 600 mil litros e 45m de altura, foi  considerada a mais alta estrutura construída pelo homem na Amazônia e bombeava diariamente 1.900 metros cúbicos água tratada e clorada para a população, plantação e a fábrica de gelo.

Na margem Leste do rio Tapajós se viam: rebocadores a diesel, lanchas, chatas, prédios pré-fabricados, tratores, escavadeiras e tudo o que fosse preciso para se construir uma cidade.

Templo.

Hospital

Cena corriqueira, uma "ambulância" trazendo um doente para atendimento.

Aspecto social da Fordlândia.

Seringueiros.

Produção do látex.

A casa que Ford nunca usou.

O FIM DE UM SONHO.

Esse  sonho de empreendimento  durou cerca de  duas décadas. Já nos dois primeiros anos de sua existência, a cidade  foi visitada por um diplomata Americano   e já constatava o caos que por lá reinava, relatando aos seus superiores no  Departamento de Estado de seu país que : ".....o empreendimento nunca será comercialmente lucrativo".

Mesmo recebendo bons salários e usufruindo de toda infra estrutura os funcionários não estavam satisfeitos com as limitações e regras que geravam um conflito de culturas. Ondas de migrantes se agregavam no entorno da  comunidade vivendo em cabanas feitas com restos de madeira e outros materiais.  Comerciantes próximos montavam bordéis etc. O cultivo da soja envolveu a região e sufocou a hoje "Cidade Fantasma". Ocasionalmente  "onças" abocanhavam crianças nas redes ou próximo das casas.

 Em 1945, Henry Ford devolveu a cidade ao Governo Brasileiro.

A FORDLÂNDIA nasceu e morreu esperando a visita do seu patrono, que nunca ocorreu. O apito da serraria tocou pela ultima vez em 1947, para anunciar a morte de Ford. 

Tentando manter o sonho vivo mesmo em ruinas, alguns antigos moradores cuidam do que restou, e mantém um frágil fluxo de turismo na região, apesar das ameaças de pistoleiros de aluguel contratados por produtores de soja que os impedem até  de se agruparem em cooperativas. BELTERRA, fica próxima a BR 163 ao sul de Santarém, em um platô perfeito para o cultivo da soja.

Os GRINGOS "imaginavam" ser fácil dominar e vencer aquela selva tropical, e para sua surpresa os "caboclos" não eram dóceis e mesmo vivendo na miséria, eram indisciplinados, preguiçosos e traiçoeiros.  Desmatar a selva era um trabalho brutal, a temperatura chegava a mais de 40 graus, a umidade, exaustão e doenças dominavam os trabalhadores, além de medidas corruptas por parte dos capatazes americanos cobrando taxas indevidas o que provocava rebeliões.

Enquanto os funcionários da Ford em River Rouge habitualmente limpavam e escovavam a fábrica, na FORDLÂNDIA  o lixo, cascas de frutas e dejetos eram atirados em toda parte, as moscas eram  aos milhões e a malária dizimava a população.

A tentativa de reproduzir a América na Amazônia levou à terceirização da Amazônia pela América "Los Angeles Time- 1993".

Recentemente, AL GORE jornalista, ambientalista e candidato ao governo dos Estados Unidos no ano 2000 disse: "CONTRARIAMENTE ÁQUILO QUE PENSAM OS BRASILEIROS, A AMAZÔNIA NÃO É PROPRIEDADE DELES, ELA PERTENCE A TODOS NÓS".

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